Lembro com
carinho e muita saudade de Zilda Arns, médica notável pela simplicidade e
exuberância de conhecimentos e formação ética.
Zilda sabia como
ninguém simplificar a aplicação do conhecimento, sem nunca improvisar! Zilda,
pediatra e sanitarista, não precisou rasgar a Constituição ou descumprir a lei
para alcançar os objetivos de levar saúde de qualidade para as populações mais
carentes.
Vencer a anemia
ferropriva e prevenir suas consequências, esse foi o mote da cruzada brasileira
contra a anemia, conduzida pelo grande médico hematologista Celso Guerra. A
principal estratégia da campanha era estimular o uso de panela de ferro, algo
tão simples quanto inovador e com resultados surpreendentes.
Grandes
especialistas que fizeram diferença na saúde da população. Neste mês em que a
Constituição cidadã completa 25 anos, vale resgatar exemplos históricos,
registros de um passado que mostra a ação de grandes médicos no âmbito da saúde
pública. E avaliar os riscos e desafios que a universalidade da assistência
ainda enfrenta no Brasil.
Vencemos
barreiras importantes na atenção básica e nas ações de alta complexidade.
Alargamos os horizontes da humanização da área com o programa Saúde da Família,
incluindo este precioso colaborador que é o agente comunitário.
Vencemos
barreiras, mas não superamos integralmente o problema pelo descaso das nossas
autoridades no âmbito do SUS.
Acompanhei a
batalha de Dário Birolini e vi crescer a possibilidade de salvar vidas com a
implantação do sistema de atendimento pré-hospitalar. A ação do resgate influiu
na qualificação das UTIs, nos serviços de pronto-socorro e, por conseguinte, nos
serviços de reabilitação.
Na intrincada
cadeia da urgência e emergência, a ação do policial militar, dos paramédicos e
de todos os profissionais da área da saúde espelha a sinergia em favor da vida.
Também estamos
vencendo a batalha do câncer, da hipertensão e do diabetes, apenas para lembrar
alguns bons exemplos.
Em São Paulo,
saúde se faz com qualidade, e qualidade significa investimento na formação dos
recursos humanos e na infraestrutura tecnológica e ambiental.
Nossos
pacientes, assim como os principais dirigentes governamentais, em São Paulo,
podem usufruir de tratamentos de qualidade, comparáveis aos de países mais
desenvolvidos. Contam com um arcabouço legal capaz de garantir ao sistema
público gratuidade e qualidade dentro das diretrizes constitucionais.
A saúde da nossa
população merece respeito. São motivo de profunda preocupação propostas
marqueteiras que confundem nossos pacientes e oferecem soluções que não atendem
as premissas básicas de qualidade, acesso e resolutividade.
Nosso
compromisso de salvar a vida e garantir sua qualidade se inicia na atenção
básica.
Vamos juntos,
médicos e pacientes, lutar contra ideologias que escravizam e suprimem direitos.
Vamos impedir a visão mercantilista e o interesse de grupos que aplaudem as
medidas que fortalecem as iniquidades, criando uma assistência de segunda
classe, rodeada de publicidade enganosa, desmerecendo o direito à
vida.
LINAMARA RIZZO
BATTISTELLA é médica fisiatra, professora da Faculdade de Medicina da USP e
secretária de Estado dos Direitos das Pessoas com Deficiência de São
Paulo
Nenhum comentário:
Postar um comentário