Por Orlando
Oda
Se nascemos neste
mundo é porque existe uma razão, um valor a ser vivido. Podemos notar este fato
no prazer de viver que demonstram algumas pessoas. Então, podemos dizer que a
vida se torna penosa quando não agimos conforme a razão da nossa existência ou
agimos contra a razão da nossa existência.
Expressamos a nossa
razão de viver, criando, produzindo um produto ou serviço útil às pessoas
através do trabalho. O trabalho é o meio de cumprir o nosso papel neste mundo.
Se não trabalharmos conforme a razão da nossa existência, a vida profissional se
torna penosa, chata, monótona e enfadonha.
Para Sakyamuni
(Buda), a vida do ser humano não podia ser apenas cumprir o ciclo do nascer,
crescer, envelhecer, adoecer e morrer. Por isso, buscou a solução para os quatro sofrimentos (nascimento, doença,
envelhecimento e morte). Imaginou que a culpa era do próprio homem porque
causava muitos sofrimentos matando e comendo os demais seres vivos. Portanto,
sem o sofrimento não poderia resgatar os carmas negativos que veio acumulando.
Após seis anos na
floresta, praticando ascese e não encontrando o caminho para o despertar,
percebeu que o sofrimento não leva à iluminação. Saiu da floresta, quando uma
jovem brâmane ofereceu um prato de papa de arroz cozido com leite. Naquele
momento ele despertou.
Antes Buda pensava:
“Os cereais também estão vivos e comê-los significa tirar-lhes a vida. O leite
da vaca é dos bezerrinhos, ao tomá-lo, o homem está roubando o alimento deles. A
vida do homem neste mundo consiste em obter alimentos para si roubando e matando
seres vivos”.
Naquele momento ele
conseguiu comer sem sentimento de culpa o alimento oferecido pela jovem. Comeu
com gratidão o alimento oferecido. Ele viu na atitude da jovem, apenas a bondade
em oferecer a ajuda para salvá-lo.
Sua mente não estava
presa à matéria, por isso, viu o prato de papa de arroz com leite como meio para
vivificar o próximo. Viu a bondade expressa como papa de arroz com leite. Viu
também o trabalho como meio de produzir o alimento. O trabalho era o meio para
expressar a vontade de aliviar o sofrimento, a fome, e proporcionar alegria e
felicidade.
Este mundo que
parecia um lugar onde os seres vivos agridem e destroem uns aos outros era na
verdade “um mundo onde todos os seres vivos vivificam um aos outros”. É preciso que as frutas sejam comidas pelos
pássaros e pelos animais frutívoros para que as sementes se espalhem em terras
distantes, possibilitando a disseminação da planta.
Ou seja, mudando a
visão de vida, tudo muda. Somos todos “vida” que se vivificam mutuamente. Este
mundo é um mundo de vivificação mútua, onde todos se beneficiam, cada
qual suprindo o que falta no outro. Esta é a missão profissional e
empresarial do homem: criar, desenvolver, produtos e serviços que fazem falta
para outras pessoas, que suprem as necessidades dos outros.
As oportunidades
profissionais surgem porque há necessidade de suprir as necessidades dos outros.
Descobrir oportunidade é prestar atenção nos outros e ver quais são as
necessidades das pessoas.
Só não existe boa
oportunidade para quem vê apenas a sua própria necessidade ou para quem enxerga
apenas as aparências dos fatos e acontecimentos, o lado negativo. É preciso ver
a oportunidade de criar algo para melhorar, modificar os fatos e acontecimentos.
Até
a insegurança, que é uma ameaça para todos, é oportunidade para alguns, que
lançam seguros, câmeras, escoltas, etc. É a oportunidade para criar um produto
ou serviço tão bom que possa inibir completamente a ação dos bandidos. Tão bom,
que é possível que o próprio produto ou serviço deixe de ser necessário um dia.
É muito difícil entender que tudo que é necessário vem e desaparece quando
cumprida a missão, por isso precisamos inovar
constantemente.
Mais do que o quadro
de declaração da missão da empresa é o exemplo prático e próprio do empresário
que vale na prática. Praticar a missão é uma das tarefas mais difíceis e
desafiadoras para o administrador de uma empresa. É necessário que todos os
colaboradores tenham o mesmo direcionamento e a mesma atitude: trabalhar para
ser útil e dedicar-se ao bem estar da sociedade.
Orlando
Oda
é administrador de empresas, mestrado em administração financeira pela FGV e
presidente do Grupo AfixCode.
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