Nossa Constituição diz que o analfabeto não pode ser votado. Tudo bem! Todavia diz, também, que se ele, o analfabeto, quiser, pode votar em alguém. Ora, é uma contradição que dá vergonha. E mais, segundo nossa Carta Magna, o analfabeto pode ser candidato para cargos em sindicatos; pode adquirir e alienar móveis e imóveis; casar e divorciar; contrair empréstimos; pagar tributos e defender a pátria através da prestação de serviço militar. Não dá pra entender...
Felizmente, o senador Magno Malta (PR-ES), apresentou, semana passada uma Proposta de Emenda à Constituição de nº 27/10, que revoga a inelegibilidade dos analfabetos, contida no parágafo 4º do art. 14 da atual Constitução Brasileira. O parlamentar capixaba justifica a PEC, afirmando que “...é inegável que existem muitos diplomados ignorantes, assim como existem muitos analfabetos sábios. A sabedoria não se consegue apenas com estudo, razão pela qual são muitos os teoricamente sem cultura que possuem elevado grau de sabedoria.”
Com certeza o caso de Tiririca, Deputado Federal mais votado do Brasil, pelo estado de São Paulo, inspirou o ilustre parlamentar a tomar decisão tão coerente e acertada.
Lembramos Adoniram com sua “Saudosa Maloca”, que escreveu brasileirissimamente: “Si o senhor não tá lembrado / Dá licença de contá / Que aqui onde agora tá / Esse edifício arto / Era uma casa véia / Um palacete assombradado / Foi aqui seu moço / Que eu, Mato Grosso e o Joca / Construímos nossa maloca... / Dim dim donde nóis passemos os dias feliz de nossas vidas.”
Patativa do Assaré deixou uma obra de arte literária no idioma mais puro e popular com a Triste partida: “...Já tamo em dezembro / Meu Deus, que é de nóis?... / inté mesmo o galo / venderam também... / Em um caminhão / Ele joga a famia... /...o pai pesaroso / nos fio pensando... /...trabaia dois ano / três ano e mais ano / E sempre nos prano / De um dia vortar.../...Lhe bate o peito / Saudade de móio / E as água nos óio / Começa a cair...”
A saga, a vontade, o trabalho, a competência e a corgem de Zé Hermírio de Moraes, de Lula, de Tiririca e de tantos outros nordestinos nos obriga a alterar o final dessa história: “Meu Deus, meu Deus / Dá orgulho o nortista / Tão forte, tão bravo / vencer os obstáculos / No norte e no sul...........”.
Carlos Moura Gomes
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