Nesta tarde noite de 13 de abril enquanto aguardava o funcionamento da fonte localizada na Praça Arruda Câmara, observava a pequena Isadora, sob o olhar atento da cuidadosa mãe, brincar entre os destroços do nosso antigo coreto. Os ricos e inteligentes versos dos poetas Diomedes Mariano e Dedé Monteiro, afixados nas antigas ruínas ali expostas, não chamaram a atenção da inocente criança.
Talvez as pilastras que “já tiveram vida” estejam em local desapropriado e impróprio. .
Na verdade, o valor do nosso antigo coreto está em sua história. E, certamente, essa história não pode ser contada em poucas linhas.
Lembramos que em meados de abril de 1912 o Titanic afundou em águas internacionais. Passados 73 anos, mais precisamente em 1985, foram encontrados destroços e pertences das 1.522 pessoas que perderam suas vidas naquele terrível acidente. Uma empresa de turismo queria comprar os direitos para colocar os artefatos dessa embarcação no centro de Nova York. O governo dos Estados Unidos classificou a idéia de ridícula, afirmando que o mais importante é manter o respeito às famílias das vítimas e preservar a memória do maior transporte naval de todos os tempos.
Espero que nosso passado, um passado sadio e humanístico, não seja destruído, assim como fizeram com nosso querido coreto, por um presente de progresso duvidoso, e que num futuro bem próximo posamos dizer bem alto que “volto feliz, petrificando abraços / contando histórias, revivendo o show / pra que a memória imortalize os traços / do meu formato que o tempo apagou.”
Carlos Moura Gomes
Nenhum comentário:
Postar um comentário